Programa público da exposição “Stockinger 100 anos” tem início com evento sobre abordagem psicanalítica da condição humana

Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) anuncia o início do programa público da exposição “Stockinger 100 anos”, aberta no dia 07.08 e em exibição até 24.11.2019.

Coordenado pelo Núcleo Educativo do MARGS, o programa público tem sua primeira atividade realizada em parceria com o Instituto de Ensino e Pesquisa em Psicoterapia (IEPP). Trata-se do evento “Stockinger: um olhar psicanalítico sobre a condição humana”, que será realizado no dia 31.08.2019 (sábado), das 14h às 17h, no auditório do museu.

A programação se inicia às 14h, com uma visita mediada à exposição “Stockinger 100 anos”, com a participação da coordenadora do Núcleo Educativo, Carla Batista, e do diretor-curador do MARGS, Francisco Dalcol.

Na sequência, às 14h30min, o público é convidado para uma conversa no auditório do museu, com a participação das psicanalistas Ellen Bornholdt Epifanio e Heloísa Cunha Tonetto, mediada por Márcia Gonçalves Munhoz (IEPP) e Carla Batista (MARGS). A entrada é franca.

Até o final de novembro, o programa público da exposição “Stockinger 100 anos” contará com a realização de outras ações e atividades relacionadas à obra do artista Francisco Stockinger (1919-2009), cujo centenário de nascimento é celebrado com a ampla e extensa mostra que o museu no momento apresenta em suas Pinacotecas.

O MARGS funciona de terças a domingos, das 10h às 19h, com entrada gratuita. Visitas mediadas podem ser agendadas pelo e-mail educativo@margs.rs.gov.br.

 

PROGRAMA PÚBLICO “STOCKINGER 100 ANOS”

Um olhar psicanalítico sobre a condição humana
31.08.2019

14h – 14h30: Visita mediada à exposição “Stockinger 100 anos”

14h30 – 16h: Conversa no auditório com as psicanalistas Ellen Bornholdt Epifanio e Heloísa Cunha Tonetto, mediada por Márcia Gonçalves Munhoz (IEPP) e Carla Batista (MARGS)

 

PARTICIPANTES

Ellen Bornholdt Epifanio – Psicóloga, mestra em psicologia (PUCRS) e doutora em psicologia (Universidad del Salvador/UFRGS). Professora e supervisora (IEPP). Psicanalista aspirante (SPPA). Atua em clínica atendendo crianças, adolescentes e adultos.

Heloísa Cunha Tonetto – Psicóloga Clínica. Docente e Supervisora (IEEP). Psicanalista efetiva (SPPA). Filiada a Associação Psicanalítica Internacional (IPA).

Márcia Gonçalves Munhoz – Psicóloga (PUCRS). Membro da diretoria científica do IEEP. Já foi bailarina e professora de dança. Ao longo dos anos vem se aprofundando nos estudos de arte e psicanálise.

Carla Batista – Coordenadora do Núcleo Educativo do MARGS. Graduada em História (UNISC) e mestra em Educação (UNISC).

 

SERVIÇO

“Stockinger: um olhar psicanalítico sobre a condição humana”,

Atividades: Palestra no auditório e visita mediada à exposição Stockinger 100 anos, com a participação do diretor-curador e da coordenadora do Núcleo Educativo, Carla Batista.

Data: 31.08.2019, das 14h às 17h

Local: MARGS

Entrada Franca

 

 “STOCKINGER 100 ANOS”

Ocupando as três galerias das Pinacotecas, o espaço mais nobre do museu, “Stockinger 100 anos” reúne mais de 100 obras, procedentes do acervo do MARGS e de coleções públicas e privadas.

A exposição percorre as diferentes fases do artista que, com seus “Guerreiros”, “Gabirus”, esculturas em pedra e figuras femininas, é reconhecido como um dos mais importantes representantes da escultura no Brasil, também aclamado ainda em vida como um dos mais consolidados referenciais da arte produzida no Rio Grande do Sul. A abertura da exposição se dá exatamente no dia de nascimento de Stockinger. Além do centenário de nascimento, o ano de 2019 também registra uma década de sua despedida.

A curadoria de “Stockinger 100 anos” é de Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, e Fernanda Medeiros, curadora-assistente.

 

SOBRE O ARTISTA

Nascido em Traun, na Áustria, em 1919, Francisco Alexandre Stockinger criou-se em São Paulo e iniciou-se na escultura no Rio de Janeiro, com Bruno Giorgi. Conviveu com personagens fundamentais na fixação da arte moderna no Brasil: Di Cavalcanti, Milton Dacosta, Maria Leontina e Iberê Camargo. Transferiu-se para Porto Alegre nos anos 1950, onde seria um dos fundadores do Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre e, duas vezes, diretor do MARGS.

Depois de ter construído obra importante em xilogravura, ganhou projeção nacional com seus guerreiros em ferro e madeira, que costumam ser associados com a resistência à ditadura militar. Xico foi antes aviador, meteorologista e diagramador. Também coleciona cactos (é responsável pela identificação de pelo menos duas novas espécies).

Nas palavras do diretor-curador do MARGS, Francisco Dalcol, a exposição em homenagem a Stockinger é como que um dever do MARGS:

“Por ser Stockinger um dos mais consolidados referenciais da arte produzida no Rio Grande do Sul, e também porque sua arte extrapolou as fronteiras. Além disso, teve um papel institucional decisivo no sistema da arte no Estado, o que faz dele um personagem fundamental na nossa cultura”.

No texto curatorial da exposição, o diretor-curador escreve que, com esta exposição que celebra o centenário de nascimento de Stockinger, o MARGS afirma o compromisso com a nossa história artística:

“E em seu dever de prestar esta importante homenagem, cuja solenidade se torna necessária para que a relevância de um grande artista seja recolocada e não se apague da memória coletiva. Ao assinalar e afirmar a importância de Stockinger, o esforço é tomar o seu centenário de nascimento, e os 10 anos de sua despedida, como um momento oportuno para se difundir o seu legado. O intento é proporcionar um reencontro e um renovado interesse com uma produção tão conhecida e aclamada, mas sobretudo oferecer uma experiência intensa e enriquecedora para um público mais amplo e não totalmente familiarizado com a importância de sua obra e vida, notadamente as novas gerações”.

 

SOBRE A EXPOSIÇÃO

“Stockinger 100 anos” reúne mais de 100 obras, entre esculturas, gravuras, documentos e outros itens. Na concepção curatorial, optou-se por uma exposição que não segue uma ordem cronológica estrita, preferindo estabelecer aproximações e possíveis relações entre diferentes fases e vertentes da extensa obra de Stockinger, produzida ao longo de seis décadas. Dessa estratégia de organização, resulta uma mostra estruturada em torno de núcleos temáticos, formais e conceituais. No texto curatorial, Francisco Dalcol escreve:

“Reconhecendo se tratar de um artista já legitimado e amplamente abordado, a exposição se assume mais panorâmica do que retrospectiva, tendo sido organizada segundo estratégias que procuram oferecer compreensão e legibilidade frente a uma produção tão extensa quanto diversa em suas etapas. Reforçam a opção por esse viés os diversos textos de mediação apresentados no espaço expositivo, com os quais se procura situar e contextualizar a obra e a trajetória do artista”.

Na galeria central das Pinacotecas, estará reunido um grande conjunto da estirpe dos “Guerreiros”, na qual se incluem figuras como profetas, sentinelas, touros, cavalos e personagens femininas. O diretor-curador escreve:

“Nos começo dos anos 1960, depois de um período dedicado às artes gráficas (desenho de imprensa e gravura), Stockinger retomou a prática e pesquisa em escultura. Começou a fundir em bronze no quintal da casa, de modo caseiro e mesmo rudimentar. Nesse processo artesanal e experimental, desenvolveu formas e texturas que o levariam a elaborar a estirpe em torno da figura mítica do guerreiro. Seguindo em suas experimentações, passou a trabalhar os “Guerreiros” com troncos de árvore e peças metálicas soldadas, desenvolvendo aí um inventivo processo construtivo — colagem e sobreposição, e não mais modelagem ou entalhe —, que configura a sua mais particular e notável contribuição para o campo da escultura”.

Já nas duas galerias laterais, estão contempladas as demais vertentes de sua produção. Em uma delas, estão reunidas dezenas de gravuras realizadas entre os anos 1950 e 1960, juntamente a uma seleção de itens que destaca a sua atuação na imprensa, em especial a gaúcha, onde trabalhou com diagramação, ilustração, caricatura e charge. Sobre a produção em gravura, Francisco Dalcol descreve:

“Ainda no final da década de 1950, Stockinger passou a praticar gravura. Dessa experiência, ficou notabilizado por uma importante produção em xilo (gravura impressa a partir de matriz de madeira), manifestando já aí forte pendor tanto à consciência social como às vertentes expressionistas. Contudo, a produção em gravura de Stockinger não se valeu das intensidades da expressão para uma dramatização documental da vida. Por outra via, abordou o drama social coletivo pela chave do conflito existencial, a partir de personagens excluídos e marginalizados da sociedade, tanto urbana como rural, a exemplo de pobres, boêmios, prostitutas e abigeatários”.

Nesta mesma galeria, outra seção destaca o seu trabalho de escultura em pedra, sobretudo o mámore. Segundo Dalcol:

“São esculturas serenas e silenciosas, que enfatizam o apelo à contemplação. Convidam ao deleite da beleza lírica e poética, mobilizando uma sensibilidade própria à forma e à matéria, e também ao que pode haver de prazer e sensual no resgate desses sentidos. Esculpindo em pedra, Stockinger não mais acrescenta nem molda, apenas subtrai o excesso. Há volume e cor, mas também ausência. A narrativa e o comentário da realidade social dão lugar à opção pelo silêncio, da arte como objeto em si. Aqui, o artista deixou-se guiar pela operação de reconhecer na forma bruta da matéria a sua vocação, encontrando assim a via de uma abstração informal”.

Por fim, na terceira galeria, estão reunidas peças diversas, como os seus conhecidos “Gabirus”, que retratam a miséria do povo do nordeste, e também sua “Magrinhas”, figuras femininas que se destacam pelo aspecto longilíneo. O diretor-curador comenta:

“Nos anos 1990, Stockinger recobrou as cargas de um comentário social mais explícito em sua produção artística. Sensibilizado pelas notícias da fome e miséria que teimavam a chegar do nordeste brasileiro, concebeu as figuras dos “Gabirus”, os seus seres nanicos, expressivos do drama humano que persiste a recair sobre as populações menos favorecidas. Como modo de denúncia, Stockinger procurava intencionalmente chocar com suas impactantes peças fundidas em bronze, que também já apontavam, uma vez mais, para a aproximação com algo do grotesco presente em sua produção”.

Nesta última sala, também estão reunidas diversas esculturas que explicitam o aspectos acnetral e primitivo da produção de Stockinger, a exemplo de grandes mestres da arte moderna. O diretor-curador salienta:

“Nessas esculturas, evidencia-se que a produção de Stockinger sempre apontou para o lastro da tradição artística ocidental. Mais precisamente, para a revalorização da escultura primitiva sugerida por grandes mestres europeus, filtrada por um viés humanista e por uma figuração livre. Entre essas referências figuram como incontornáveis escultores a exemplo de Alberto Giacometti, Aristide Maillol, Auguste Rodin, Constantin Brancusi, Henry Moore, Jean Arp e Marino Marini. Ao se valer a seu modo desse aspecto primitivo, arcaico e ancestral encontrado nos artistas modernos, tornado emblema de sua fidelidade e coerência artísticas, Stockinger alcançou uma obra que continua a significar por sua dimensão tão humanista quanto universal”.

A exposição “Stockinger 100 anos” pode ser visitada até dia 24 de novembro de 2019. O MARGS funciona de terças a domingos, das 10h às 19h, sempre com entrada gratuita. Visitas mediadas podem ser agendadas pelo e-mail educativo@margs.rs.gov.br.

 

TEXTO CURATORIAL

Aclamado como um dos mais consolidados referenciais da arte do Rio Grande do Sul, Francisco Stockinger (1919-2009) é também reconhecido como um dos mais importantes representantes da escultura no Brasil. Hábil desenhista e artesão, esculpiu em gesso, madeira, metal e pedra, trabalhando também com desenvoltura em gravura, desenho, ilustração, charge e caricatura.

Nos anos 1950, trilhando o caminho inverso ao tradicional — do centro para a província —, mudou-se do Rio de Janeiro para Porto Alegre, cidade onde passaria a vida, tornando-se uma personalidade fundamental do cenário cultural com sua forte e atuante presença. Além de artista, teve um papel decisivo como agente do sistema da arte no Estado, participando de sua constituição ao se engajar em causas coletivas à frente de instituições culturais como o MARGS, o Atelier Livre e a Associação Chico Lisboa.

Ao lado de Iberê Camargo e Vasco Prado, Stockinger formou o tripé de maior projeção da arte moderna gaúcha, compondo uma espécie de santíssima trindade das artes visuais do Estado. Comungavam de certa visão na abordagem artística moderna, especialmente no tratamento dado à condição humana, seja em sua dimensão social ou existencial.

Com séries escultóricas como a dos seus afamados “Guerreiros”, iniciada nos anos 1960, Stockinger foi figura decisiva na fixação de valores modernos na cultura artística do Rio Grande do Sul, consolidando uma vertente de matriz expressionista. Também estabeleceu um fecundo diálogo entre a tradição da arte ocidental e os temas regionais, emprestando à sua obra um sentido coletivo e ao mesmo tempo universal.

Com esta exposição que celebra o centenário de nascimento de Stockinger, o MARGS afirma o compromisso com a nossa história artística, em seu dever de prestar esta importante homenagem, cuja solenidade se torna necessária para que a relevância de um grande artista seja recolocada e não se apague da memória coletiva.

Ao apresentar a quase totalidade das obras de Stockinger pertencentes ao acervo do MARGS, onde está suficientemente bem representado, esta exposição ainda reúne um significativo número de peças de acervos públicos e coleções particulares, que gentilmente aceitaram o convite de tomar parte na comemoração, apoiando este projeto com realização própria do museu.

Resulta disso uma exposição ampla, que traz a público obras bastante relevantes, mas não isenta de alguma lacuna pontual. Seja como for, o conjunto aqui apresentado é altamente expressivo e representativo da produção do artista. Stockinger obteve consagração ainda em vida, tendo sido frequentemente reconhecido ao longo de sua trajetória, como atesta a extensa fortuna crítica, teórica e histórica encontrada nos inúmeros textos, catálogos, livros e exposições a ele dedicados.

Reconhecendo se tratar de um artista já legitimado e amplamente abordado, esta exposição se assume mais panorâmica do que retrospectiva, tendo sido organizada segundo estratégias que procuram oferecer compreensão e legibilidade frente a uma produção tão extensa quanto diversa em suas etapas. Reforçam a opção por esse viés os diversos textos de mediação apresentados no espaço expositivo, com os quais se procura situar e contextualizar a obra e a trajetória do artista.

Ao assinalar e afirmar a importância de Stockinger, o esforço é tomar o seu centenário de nascimento, e os 10 anos de sua despedida, como um momento oportuno para se difundir o seu legado. O intento é proporcionar um reencontro e um renovado interesse com uma produção tão conhecida e aclamada, mas sobretudo oferecer uma experiência intensa e enriquecedora para um público mais amplo e não totalmente familiarizado com a importância de sua obra e vida, notadamente as novas gerações.

Francisco Dalcol
Diretor-curador do MARGS
Doutor em Teoria, Crítica e História da Arte

 

Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS

 

Patrocínio

Banrisul

BRDE

Sulgás

 

Apoio

AAMARGS – Associação dos Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli

Café do MARGS

Banca do livro

Bistrô do MARGS

Arteplantas

Celulose Riograndense

Oliveira Construções

Tintas Killing

 

Realização

Governo do Estado do Rio Grande do Sul

Secretaria de Estado da Cultura do RS

Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli

 

Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli

Praça da Alfândega, s./n.

Centro Histórico, Porto Alegre, RS

Telefone: 51 32272311

Site: www.margs.rs.gov.br

www.facebook.com/margsmuseu

www.twitter.com/margsmuseu

Apoio e Realização