Está em andamento o Projeto de Digitalização do Acervo Documental do MARGS

A digitalização do Acervo Documental do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac-RS), está em pleno andamento.

Iniciado em dezembro de 2021, o projeto é financiado com recursos do Fundo de Embaixadores para Preservação Cultural (Ambassadors’ Fund for Cultural Preservation – AFCP), por meio do Consulado Geral dos EUA em Porto Alegre e da Associação de Amigos do MARGS — AAMARGS.

A iniciativa garantirá que o Acervo Documental do MARGS, estimado em mais de 250.000 páginas, seja convertido para formato digital e disponibilizado de forma online — a partir da plataforma Tainacan, um software livre brasileiro para criação de repositórios de acervos digitais em WordPress.

O Acervo Documental do Museu conta com mais de 8 mil publicações bibliográficas e 5 mil pastas, incluindo documentação sobre a história da instituição e também sobre a atuação de artistas e agentes do sistema artístico.

A primeira etapa envolveu a aquisição de computadores e scanners de precisão para garantir qualidade na digitalização dos documentos. Também foram contratados serviços de profissionais de diferentes áreas para a prestação de trabalhos especializados junto à equipe do Museu, resultando na formação de uma equipe multidisciplinar que envolve história da arte, artes visuais, museologia e biblioteconomia.

 

A seguir, teve início a digitalização em si, que está sendo realizada em etapas. A primeira foi direcionada aos periódicos produzidos pelo MARGS — revistas, jornais e boletins informativos, que compreendem todas as edições do:

> Boletim Informativo do MARGS (1976 -1987)

> Jornal da AAMARGS (1993 – 1995)

> Jornal do MARGS (1995 – 2006)

> Informativo MARGS Em Pauta (1983 – 1998)

> Revista Texto (2013 – 2014)

> Revista do MARGS (2007 e 2010)

Os periódicos tinham como objetivo divulgar ações, exposições e eventos realizados no MARGS. Alguns exemplares também contemplavam ações educativas referente à artes visuais e publicação de textos e entrevistas com profissionais da área.

 

As próximas etapas do projeto contemplarão a digitalização da documentação relativa à coleção de materiais gráficos e publicações do Museu, envolvendo exposições, cursos, oficinas e demais atividades.

Também serão digitalizados os dossiês sobre a biografia, atuação e trajetória de artistas e agentes do sistema da arte, cuja coleção se destaca pela rica documentação do circuito sul-rio-grandense.

A digitalização é realizada por meio de dois scanners, gerando documentos digitais em dois formatos: PDF/A de alta qualidade, interativo e pesquisável, que será disponibilizado online a partir da plataforma Tainacan; e arquivo TIFF de alta resolução, para conservação e arquivamento interno do documento.

O material ficará organizado em coleções e contará com hiperlinks, palavras-chave e filtros de relação entre as atividades e documentos, além de layout concebido para facilitar a experiência de pesquisa.

Ao final, a digitalização do Acervo Documental do MARGS oportunizará acesso público e irrestrito em meio digital a um acervo de arquivos que faz do MARGS um centro de referência documental para a pesquisa, o estudo e a preservação da memória visual e artística sul-rio-grandense e brasileira (nas áreas de artes visuais, história da arte, patrimônio e museus/instituições, entre outras).

Além de proporcionar maior alcance na disponibilização do Acervo Documental do MARGS à sociedade, o projeto de digitalização oportunizará também maior facilidade de consulta às informações históricas documentadas pelo Museu para todos os interessados, como estudantes e pesquisadores, e mesmo para o público em geral. Ao mesmo tempo, garantirá a preservação e a segurança desta importante coleção documental pública, cuja totalidade se encontra até aqui apenas em formato físico.

 

 

O projeto encaminhado pelo MARGS foi contemplado na edição especial dos 20 anos do Fundo com o valor de US$ 42.000 e também inclui o intercâmbio de funcionários do museu gaúcho e de museus americanos. O Fundo dos Embaixadores é administrado pelo Escritório de Assuntos Educacionais e Culturais do Departamento de Estado dos EUA. Os recursos são destinados a projetos para a preservação do patrimônio cultural em países menos desenvolvidos, incluindo edifícios históricos, sítios arqueológicos, objetos etnográficos, pinturas, manuscritos e línguas indígenas e outras formas de expressão cultural tradicional.

“Para os Estados Unidos, essa parceria consolida ainda mais nosso relacionamento com o Rio Grande do Sul e apoia os objetivos e valores da política do governo americano no Brasil, como a inclusão, permitindo que todos os brasileiros tenham acesso à extensa coleção de vídeos, fotografias, livros, periódicos e outras publicações relacionadas à produção das artes visuais no Rio Grande do Sul”, disse o Encarregado de Negócios da Missão dos EUA no Brasil, Douglas Koneff.

Nas palavras da diretoria da Associação de Amigos do MARGS — AAMARGS:

“A AAMARGS empenhou-se na habilitação para obter o financiamento, percorrendo todas as fases iniciais de preenchimento de formulários necessários até obter a aprovação. Este projeto de digitalização do Acervo Documental é uma das propostas mais caras para a Associação pela importância, preservação e acessibilidade para consultas. Destaca-se que a Associação (Diretoria e equipe) continua zelando e trabalhando no gerenciamento do projeto em seus aspectos administrativos e financeiros, assim como, nas fases seguintes de atualização de formulários”.

Nas palavras da secretária de Estado da Cultura do RS, Beatriz Araujo:

“A Secretaria de Estado da Cultura está sempre atenta às demandas das instituições museológicas. Esta parceria com o Consulado-Geral dos EUA em Porto Alegre reafirma o nosso compromisso com a preservação do patrimônio cultural. E tão importante quanto é o fato de estudantes, pesquisadores e o público em geral terem acesso, por meio da internet, a esta importante coleção documental pública, cuja totalidade se encontra em formato físico”.

No MARGS, o “Projeto de Digitalização do Acervo Documental” é o passo seguinte ao processo pelo qual o Acervo Artístico do Museu passou entre 2011 e 2012, quando foi realizada a digitalização da coleção de obras de arte, resultando no Catálogo Geral do Museu (2013, em formato físico) e no Catálogo Online, que oferece acesso e consulta permanente em meio digital no próprio site do Museu, sendo atualizado constantemente com as novas entradas e aquisições.

O diretor-curador do MARGS, Francisco Dalcol, assinala que desde 2019, quando assumiu a Direção, a meta colocada foi prosseguir avançando nas melhorias do Museu em termos de preservação, segurança e qualificação. O que tem a ver diretamente com uma diretriz assumida como visão estratégica no âmbito da recriação da Sedac, pela Secretária Beatriz Araujo, sendo também uma visão de valor que o governador Eduardo Leite dedica e destina à cultura.

“O Acervo Documental do MARGS é uma referência para os campos das artes visuais, da história da arte e da memória artística sul-rio-grandense e mesmo do Brasil. Reconhecendo isso, desde que assumi a Direção do Museu, a busca pela sua digitalização se colocou como um dos projetos prioritários, e que agora começa a se oportunizar graças à parceria com o Consulado-Geral dos EUA em Porto Alegre. Ao ampliarmos o alcance da disponibilização deste acervo documental que conta e preserva grande parte de nossa memória visual e artística, estaremos proporcionando uma maior democratização quanto ao acesso público ofertado para a sociedade. Ao mesmo tempo, estaremos assegurando a preservação e perpetuação desta coleção, que contempla tanto a história institucional do MARGS quanto a de artistas, críticos, historiadores da arte e demais agentes e instituições do sistema artístico. Tudo isso se reveste de significados ainda mais profundos e especiais em se tratando de um Museu público do Estado do RS, voltado desde sua origem e sempre à sociedade gaúcha e sua comunidade artística”, comenta o diretor-curador do MARGS, Francisco Dalcol.

A coordenação do Projeto de Digitalização do Acervo Documental do MARGS, que está previsto para ser realizado ao longo de 12 meses, estará a cargo de Raul Holtz, responsável pelo Núcleo de Acervos e Pesquisa do Museu. Servidor de carreira do Estado do RS, com formação em Arquivologia (UFRGS), Holtz traz experiências de atuação em projetos anteriores, em especial o de digitalização do Acervo Artístico do MARGS, o qual coordenou durante sua realização entre 2011 e 2012.

“O Projeto de Digitalização do Acervo Documental do MARGS tem por objetivo oportunizar o acesso universal aos documentos que registram a história do Museu desde a sua criação até os dias de hoje, e também a nossa história artística. A digitalização oportuniza e garante o início de um processo mais extenso e que se dará de forma continuada, com a atualização constante dos novos documentos que forem ingressando, e mais à frente com a etapa que possibilitará cruzamentos entre os itens do Acervo Documental e do Acervo Artístico do MARGS. Ou seja, entre as obras de arte e os documentos relacionados”, declara Raul Holtz.

A coordenação técnica e operacional do Projeto de Digitalização do Acervo Documental do MARGS é de Nina Sanmartin, pesquisadora e estudante de graduação do Bacharelado em História da Arte (IA/UFRGS) e estagiária do Núcleo de Acervos e Pesquisa do MARGS. 

“Para além da digitalização, um dos grandes focos do projeto é a disponibilização das principais coleções do acervo documental do MARGS na rede. Para isso, a equipe do projeto, com o apoio do Projeto de Extensão Gestão de Acervos – Documentação Museológica do Bacharelado em Museologia da UFRGS, tem se dedicado à estruturação de um amplo repositório através da ferramenta Tainacan, software livre desenvolvido no Brasil para criação de repositórios digitais em WordPress. O sistema foi personalizado e adaptado para atender as especificidades e demandas do acervo do museu, com recursos avançados de busca e de relacionamento que interligam os documentos com as atividades e com as/os artistas com os quais se relacionam. Com isso, o projeto pretende proporcionar ao público uma experiência de pesquisa completa e otimizada no acervo documental, que poderá ser consultado através de qualquer computador ou smartphone”, declara Nina Sanmartin.

 

BREVE HISTÓRICO DO ACERVO DOCUMENTAL

Nos anos 1970, os trabalhos e as atividades do MARGS passaram por uma maior organização nas diversas áreas, conforme suas competências e atribuições. Assim, foram instituídos diferentes Núcleos, cada qual dando conta de setores específicos, como prossegue ainda hoje, com algumas alterações que resultaram de reformulações e reformas administrativas das gestões até aqui.

Em 1976, o MARGS começou a documentar sistematicamente suas atividades e refletir sobre o campo artístico através de boletins informativos, que ao longo dos anos transformaram-se em verdadeiras revistas de arte, com artigos e entrevistas.

Entre 1981 e 1986, o Acervo Documental ganhou fôlego com a doação de 796 pastas do colecionador e artista Cláudio Morrain, contendo 15 mil recortes de jornal e 3 mil catálogos de exposições. Este acervo daria início aos chamados dossiês de artistas plásticos, existentes até hoje.

Também incorporou importantes acervos documentais particulares, como do artista Iberê Camargo e do crítico Aldo Obino.

 

BREVE PANORAMA DO ACERVO DOCUMENTAL

O Acervo Documental do Museu conta com mais de 8 mil publicações bibliográficas e 5 mil pastas contendo documentos sobre a trajetória de artistas e a história de agentes do sistema artístico.

Assim, além de documentos históricos e administrativos desde a fundação do MARGS, em 1954, o Acervo Documental se destaca também pelo expressivo conjunto de documentos relacionados à produção sul-rio-grandense de artes visuais, com especial atenção à biografia e à obra de artistas e demais profissionais com destacada trajetória e reconhecimento no meio artístico. Os assuntos estão organizados segundo uma hemeroteca.

Quanto a coleção bibliográfica, é formado por volumes, catálogos de exposições, periódicos, álbuns e figuras. Há também uma coleção de vídeos e arquivos fotográficos.

Atualmente, o Núcleo de Acervos e Pesquisa do MARGS é responsável pela guarda, documentação, catalogação, organização e gestão dos Acervos Artístico e Documental do museu, fornecendo subsídios para a pesquisa, o estudo, a conservação, o restauro e a exibição de obras, documentos e demais itens pertencentes ao Museu. Ao zelar pela manutenção dos acervos mantidos sob guarda do MARGS, atua no sentido de garantir a sua preservação e conservação.

É também atribuição do Núcleo de Acervos e Pesquisa supervisionar o acesso ao acervo e aos arquivos sob sua guarda. E, juntamente ao trabalho interno de documentação e de pesquisas que subsidiam os projetos curatoriais, educativos e editoriais do Museu, presta atendimento a pesquisadores externos mediante solicitação e agendamento prévio.

 

ALGUNS NÚMEROS DO ACERVO DOCUMENTAL

História e memória institucional do MARGS:

> 114 pastas A-Z: em torno de 57.000 páginas abrangendo o período de 1954 a 2021

> Em torno de 1.000 exemplares de Publicações do MARGS

Acervo documental de artistas:

> Mais de 4.000 pastas sobre a trajetórias dos artistas

> Documentação de mais de 1.800 artistas

Hemeroteca de assuntos de artes visuais e patrimônio:

> Em torno de 65.000 páginas e recortes de jornais.

Acervo bibliográfico:

>  Mais de 5.000 livros sobre artes visuais;

> Coleção de mais de 6.500 catálogos

 

PROJETO DE DIGITALIZAÇÃO DO ACERVO DOCUMENTAL DO MARGS

Supervisão: 

> Francisco Dalcol — Diretor-curador do MARGS

> Fernanda Medeiros — Curadora-assistente e coordenadora de operação do MARGS

Coordenação e execução:

> Raul Holtz – Coordenador geral. Arquivista e coordenador do Núcleo de Acervos e Pesquisa do MARGS

> Nina Sanmartin – Coordenadora técnica e operacional. Pesquisadora e estudante de graduação do Bacharelado em História da Arte (IA/UFRGS). Estagiária do Núcleo de Acervos e Pesquisa do MARGS

Equipe:

> Caroline Leite Ferreira – Pesquisadora. Estudante de graduação da Licenciatura em Artes Visuais (UERGS)

> Catarina Petter – Pesquisadora. Estudante de graduação do Bacharelado em Museologia (FABICO/UFRGS)

> Cristina A. Barros – Pesquisadora. Graduada em História da Arte (IA/UFRGS)

> Joana Alencastro – Pesquisadora. Graduada em Biblioteconomia (FABICO/UFRGS)

Tecnologia da Informação (TI):

> Arlen Tavares — Consultor

Assessoria administrativa:

> Girlei Both de Matos – Assistente administrativo da Associação de Amigos do MARGS — AAMARGS

Assessoria Museológica do Repositório Tainacan — Projeto de Extensão “Gestão de Acervos – Documentação Museológica” do Bacharelado em Museologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS):

> Dra. Ana Celina Figueira da Silva – Professora na FABICO/UFRGS

> Me. Elias Machado – Museólogo

> Vinícius Bard Mathias de Souza – Bolsista

Apoio e Realização