Wilson Cavalcanti — Os jardins que me habitam

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul — MARGS, instituição da Secretaria de Estado da Cultura do RS — Sedac, e o Banrisul apresentam a exposição “Wilson Cavalcanti — Os jardins que me habitam”.

A mostra será inaugurada no dia 25.11.2023, às 10h30, em evento aberto ao público, e segue em exibição até 18.02.2024, ocupando 2 salas no 2º andar expositivo do Museu. 

A exposição é parte da ampla programação comemorativa ao longo do próximo ano, alusiva ao aniversário de 70 anos do MARGS, a ser celebrado em 27.07.2024.

Visitação de terça-feira a domingo, das 10h às 19h (último acesso 18h), com entrada gratuita. 

O MARGS oferece visitas mediadas para grupos, mediante agendamento prévio pelo e-mail educativo@margs.rs.gov.br.

A EXPOSIÇÃO

A exposição “Os jardins que me habitam” é a primeira a trazer uma compreensão mais abrangente e histórica sobre a produção artística de Wilson Cavalcanti (Pelotas/RS, 1950), o Cava. 

Contemplando os mais de 50 anos de trajetória do artista, sendo também a sua primeira individual apresentada pelo MARGS, a mostra apresenta uma abordagem que revisa e aprofunda o entendimento público da sua diversificada e extensa produção, desenvolvida em desenho, gravura, pintura e objeto

Além de trazer a parte mais reconhecida e consagrada de seu trabalho, sobretudo o viés figurativo e expressionista em gravura e pintura; redimensiona a sua obra ao trazer a público produções menos conhecidas, a exemplo de seus desenhos-pinturas, suas pinturas-objetos, os procedimentos construtivos e os flertes com a abstração, assinalando a importância em sua poética pessoal e a relevante contribuição no contexto das transformações do meio de arte e das convenções do fazer artístico vivenciadas por sua geração na história da arte sul-rio-grandense. 

Assim, a mostra revela um artista inquieto, polivalente, em constante produção e que pauta a sua prática artística em grande parte pelo emprego dos procedimentos experimentais e mesmo conceituais que desenvolve. 

São apresentadas mais de 200 obras, realizadas desde os anos 1970, incluindo parte de seus trabalhos que integram o Acervo Artístico do MARGS, onde está representado com mais de 30 obras. 

Embora esteja presente na coleção e atuante em atividades e exposições do Museu nos últimos 50 anos, Wilson Cavalcanti ainda não havia tido na instituição uma mostra monográfica, de caráter panorâmico, histórico e retrospectivo, como esta dedicada à extensão e diversidade de sua produção e trajetória.

Assim, “Wilson Cavalcanti — Os jardins que me habitam” é apresentada como parte de 2 programas expositivos em operação no MARGS e que são interligados: “Histórias ausentes”, voltado a resgates e reconsiderações históricas, e “História do MARGS como história das exposições”, que aborda as intersecções entre a história institucional do Museu e as trajetórias de artistas.

Organizada e realizada pelo MARGS, a exposição tem curadoria de Felipe Caldas, curador convidado, e Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, com produção de José Eckert, Núcleo de Curadoria do Museu.

O ARTISTA

Wilson Cavalcanti (Pelotas/RS, 1950), notoriamente conhecido por Cava, é artista e professor, com atuação também como educador social.

Desde o final dos anos 1960, desenvolve uma produção diversificada em desenho, gravura, pintura e objeto, em grande parte marcada pela abordagem figurativa de viés expressionista.

Na produção de gravura em litografia (pedra) e em metal, predominam temas e questões de cunho social e político. Já nas xilogravuras (madeira), a ênfase se relaciona ao erudito e ao imaginário popular.

Em sua pintura, emprega procedimentos experimentais, no qual se vale de materiais não artísticos e objetos, incluindo reaproveitamento de elementos naturais, industriais e resíduos/descarte.

Sua trajetória é intimamente ligada ao Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre. Começa já na formação inicial, que se dá entre 1968 e 1977, estudando desenho, gravura em metal, xilogravura e litografia e convivendo com importantes mestres, como Paulo Peres e Danúbio Gonçalves. E prossegue em 1996, quando se torna professor do Atelier Livre, onde dá aulas até 2020.

Na comunidade artística de Porto Alegre, sua atuação é marcada pela defesa dos artistas, por meio da atuação em iniciativas que envolvem agrupamentos e ações coletivas. Notório questionador e contestador, tem sua personalidade e trajetória marcadas pela independência e pelo pensamento próprio, mantendo-se autêntico e coerente à sua própria forma de produzir e estar no mundo.

 

TEXTO CURATORIAL

“Wilson Cavalcanti — Os jardins que me habitam” 

Por
Felipe Caldas
Curador convidado. Artista e Doutor em Artes Visuais — História, Teoria e Crítica. É professor da FURG
Francisco Dalcol
Diretor-curador do MARGS. Doutor em Artes Visuais — História, Teoria e Crítica

O reconhecimento da obra de Wilson Cavalcanti (Pelotas, 1950), o Cava, está em grande parte associado à sua produção em gravura, devido à trajetória ligada a esta linguagem, seja como artista, técnico impressor e instrutor no Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre. 

Porém, ao nos debruçarmos sobre sua obra e pensamento artístico, facilmente perceberemos que a gravura é apenas uma de suas facetas enquanto artista. 

A exposição “Os jardins que me habitam” procura explorar uma compreensão mais complexa sobre a sua produção, sendo também a primeira individual do artista a trazer uma abordagem mais abrangente e histórica sobre a sua obra e trajetória de mais de cinco décadas. 

Deste modo, temos a oportunidade de vislumbrar nesta exposição uma pluralidade de linguagens e hibridizações, em que é evidente o alargamento das noções tradicionais do que viria a ser pintura, gravura, desenho e objeto, travando um profundo diálogo com as próprias transformações do campo e do fazer e refletir artístico do Rio Grande do Sul nas últimas décadas. 

A pureza de um meio é uma exceção na produção de Cava, pois, ao observarmos a sua trajetória, o que se impõem são a contaminação, a sobreposição e o estilhaçamento das linguagens ditas “tradicionais”. Este aspecto experimental/conceitual na obra do Cava costuma ser suprimido em face a um olhar ligeiro, superficial e parcial da sua produção, geralmente voltado ao artista gravador. Isso ocorre também devido a um lugar marginal no sistema que a obra e figura do artista ocuparam por décadas. 

A EXPOSIÇÃO

Além de trazer a parte mais reconhecida e consagrada de seu trabalho, sobretudo o viés figurativo e expressionista em gravura e pintura, a exposição procura redimensionar a sua obra ao trazer a público produções menos conhecidas. 

São os casos de seus desenhos-pinturas, suas pinturas-objetos, os procedimentos construtivos e os flertes com a abstração, assinalando a importância em sua poética pessoal e a relevante contribuição no contexto das transformações do meio de arte e das convenções do fazer artístico vivenciadas por sua geração na história da arte sul-rio-grandense. 

Assim, a mostra revela um artista inquieto, polivalente, em constante produção e que pauta a sua prática artística em grande parte pelo emprego dos procedimentos experimentais e mesmo conceituais que desenvolve. 

São apresentadas mais de 100 obras, realizadas desde os anos 1970, incluindo parte de seus trabalhos que integram o Acervo Artístico do MARGS, onde está representado com mais de 30 obras. 

Embora esteja presente na coleção e atuante em atividades e exposições do Museu nos últimos 50 anos, Wilson Cavalcanti ainda não havia tido na instituição uma mostra monográfica, de caráter panorâmico, histórico e retrospectivo como esta.

Considerando a extensão e a diversidade de sua produção e trajetória, a organização da exposição evita uma orientação temporal/cronológica, em favor de agrupamentos por afinidades diversas, oferecendo possíveis e abertas chaves de leitura e compreensão.

O ARTISTA

Cava tornou-se o jardineiro de seu próprio jardim, por isto um utópico. O jardineiro não controla tudo, mas planeja, cuida, orquestra, apara, trabalha e, sob seu olhar, as flores desabrocham. O jardineiro criva o caos, busca o equilíbrio entre as partes, conhece a relação entre o ser e o meio, não se rende às intempéries e às determinações biológicas, mas age a partir delas. O jardineiro se suja, se corta, transpira e sonha enquanto atua sobre a matéria, e a matéria atua sobre ele; e assim, em uma simbiose, um transforma o outro, num jardim regado pela precariedade em terras de cinismo e preconceito.   

Notório questionador e contestador, Cava tem sua personalidade e trajetória marcadas pela independência e pelo pensamento próprio, mantendo-se autêntico e coerente à sua própria forma de produzir e estar no mundo, sem fazer concessões, sobretudo as que envolvam agradar o gosto ou a receptividade, absolutamente consciente das repercussões e implicações.

Na comunidade artística, a sua atuação é marcada pela defesa dos artistas, por meio da atuação em iniciativas que envolvem agrupamentos e ações coletivas.

Sua trajetória é intimamente ligada ao Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre. Começa já na formação inicial, que se dá entre 1968 e 1977, estudando desenho, gravura em metal, xilogravura e litografia e convivendo com importantes mestres, como Anestor Tavares, Paulo Peres e Danúbio Gonçalves. E prossegue em 1996, quando se torna professor do Atelier Livre, onde dá aulas até 2020.

Assim, com esta exposição, procura-se revisar historicamente e aprofundar o entendimento público da diversificada e extensa obra de Cava, pretendendo contribuir para uma perspectiva mais abrangente e complexa a respeito de sua produção e trajetória desenvolvidas nos últimos 50 anos.

 

Wilson Cavalcanti 

(Pelotas/RS, 1950)

Conhecido como Cava. Já assinou como Will, Will Cava, Cavalcante e seus heterônimos.

É artista e professor, com atuação também como educador social.

Começou criando histórias em quadrinhos, cartuns/charges e jornais alternativos.

Desde o final dos anos 1960, desenvolve produção diversificada em desenho, gravura, pintura e objeto, em grande parte marcada pela abordagem figurativa de viés expressionista.

Na produção de gravura em metal e em litografia (em pedra), predominam temas e questões de cunho social e político. Já nas xilogravuras (em madeira), o erudito e o imaginário popular.

Em sua produção, emprega procedimentos experimentais, no qual se vale de materiais não artísticos e alternativos em relação aos tidos como nobres e convencionais, incluindo reaproveitamento de elementos naturais, industriais e resíduos/descarte.

Sua trajetória é intimamente ligada ao Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre. Começa já na formação inicial, entre 1968 e 1977, estudando desenho, gravura em metal, xilogravura e litografia e convivendo com importantes mestres, como Paulo Peres e Danúbio Gonçalves. Em 1996, torna-se professor do Atelier Livre, onde dá aulas até 2020.

Em 1976, participa do Festival de Inverno de Ouro Preto, temporada que marcou sua vivência artística, estudando gravura em metal com Assunção Souza. Na mesma época, faz cursos com Carlos Martins, Marília Rodrigues e Romildo Paiva.

Entre 1974 e 1978, tem cartuns e histórias em quadrinhos publicados em jornais e revistas como Folha da Manhã, Pasquim, Zero Hora, Versus e Planeta.

Participa de exposições coletivas desde os anos 1970, inclusive no MARGS, tendo já exposto fora do Brasil em países como Uruguai, Argentina, Chile, Alemanha, França, Holanda, Grécia, Canadá, México, Japão, Espanha e Egito

Premiado em salões e concursos desde os anos 1970.

Na primeira metade dos anos 1970, frequenta ateliês e espaços artísticos como o Ponto de Arte. Na convivência com artistas como Gustavo Nakle e Maria Tomaselli, participa de iniciativas artísticas como o Mercadão das Artes e de manifestos coletivos com mais outros artistas, publicados na imprensa, em defesa de se levar a arte a ocupar espaços urbanos da rua e do cotidiano.

Sua primeira exposição individual ocorre em 1982: intitulada “Ex-posição”, consistiu em um evento-manifesto na Salamandra Galeria, com o qual marcou o seu movimento de retirada do campo da arte, afastamento que manteria até 1985. 

Nos anos 1980, atua junto ao Núcleo de Gravura do RS, formado por integrantes do Atelier Livre.

Na convivência e parceria com o artista Paulo Chimendes, formam uma dupla de impressores de gravura bastante atuante em Porto Alegre.

No mesmo período, frequenta o MAM — Atelier de Litografia de Porto Alegre, gerido por Maria Tomaselli, Anico Herskovits e Marta Loguércio.

Atua na criação do ateliê de gravura em metal do Museu do Trabalho (anos 1980) e do Atelier de Litografia Oficina 11 (ambos nos anos 1990). 

Colabora como artista visual com livros de humor e de literatura.

Participa, em 1994, das discussões da comunidade artística gaúcha que resultariam na criação da Bienal do Mercosul.

Entre 1997 e 2000, divide com Vitor Ortiz o comando da Secretaria de Cultura de Viamão (RS).

No final dos anos 1990, mantém um espaço de ateliês de artistas no bairro Cidade Baixa de Porto Alegre, que depois daria origem ao bar 512.

Além do MARGS, tem obras em acervos como da Pinacoteca Aldo Locatelli de Porto Alegre, Fundação Vera Chaves Barcellos (Viamão/RS), Pinacoteca Barão de Santo Ângelo da UFRGS (Porto Alegre), Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (Pelotas/RS), Museu de Artes Visuais Ruth Schneider (Passo Fundo/RS), Museu de Arte Contemporânea de Curitiba (PR) e Museu Casa da Xilogravura (Campos do Jordão/SP).

Vive e trabalha em Viamão (RS), onde mantém seu ateliê.

 

OS CURADORES 

Felipe Caldas  (Porto Alegre, 1986). Artista e professor. Doutor em História, Teoria e Crítica da Arte pelo (PPGAV-UFRGS). Professor adjunto dos cursos de Artes Visuais (Licenciatura e bacharelado) na Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e docente colaborador no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV-UFRGS). 

Francisco Dalcol (Bento Gonçalves, 1981). Crítico e historiador da arte, curador, pesquisador, professor, jornalista e editor. Autor de produção intelectual em artes visuais, com experiência institucional nas áreas museológica, acadêmica, editorial e curatorial. Mestre (UFSM) e Doutor (UFRGS) em Artes Visuais — História, Teoria e Crítica, com estágio de doutoramento na Universidade Nova de Lisboa (UNL). Na pesquisa acadêmica, dedica-se à investigação teórica e histórica em crítica e história da arte, estudos expositivos e curatoriais e história das exposições. Sua produção curatorial envolve projetos com artistas históricos e contemporâneos junto a acervos privados e públicos, desenvolvendo exposições individuais e coletivas em museus, instituições e galerias, assim como a editoração de catálogos, livros e publicações de arte.Professor-colaborador do curso de pós-graduação Práticas Curatoriais, do Instituto de Artes da UFRGS.Membro da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP). Desde 2019, é diretor-curador do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS).

 

SERVIÇO

Exposição “Wilson Cavalcanti — Os jardins que me habitam”

Quando: inauguração dia 25.11.2023, às 10h30, em evento aberto ao público. Em exibição até 18.02.2024.

Onde: 2º andar expositivo do MARGS. Praça da Alfândega, s/n°, Centro Histórico de Porto Alegre, RS – Brasil – 90010-150

Visitação: terça-feira a domingo, das 10h às 19h (último acesso 18h), com entrada gratuita.  Visitas mediadas para grupos e escolas podem ser agendadas pelo e-mail educativo@margs.rs.gov.br

Contato imprensa: Núcleo de Comunicação e Design do MARGS | comunicacao@margs.rs.gov.br | margsmuseu@gmail.com 

 

 

MARGS | MUSEU DE ARTE DO RIO GRANDE DO SUL 

Instituição museológica pública, vinculada à Secretaria de Estado da Cultura do RS, voltada à história da arte e à memória artística, assim como às manifestações, linguagens, investigações, pesquisas e produções em artes visuais.

O MARGS realiza seus projetos por meio de patrocínios como pela Lei de Incentivo à Cultura Federal. O projeto do Plano Anual 2023, gerido pela Associação de Amigos do Museu (AAMARGS), está identificado pelo PRONAC 223047 sob o nome “Exposições de Artes Visuais no MARGS”.

Patrocínio direto:

Banrisul

Apoio:

Café do MARGS

Banca do Livro

Bistrô do MARGS

Arteplantas

iSend

Tintas Renner

Realização:

AAMARGS – Associação dos Amigos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul 

MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul 

SEDAC – Secretaria de Estado da Cultura do RS / Governo do Estado do Rio Grande do Sul

MARGS

Praça da Alfândega, s/n°

Centro Histórico, Porto Alegre, RS, 90010-150

Visitação de terça a domingo, 10h às 19h, entrada gratuita

Telefone: (51) 3227-2311

Site: www.margs.rs.gov.br

Facebook: https://www.facebook.com/museumargs

Instagram: www.instagram.com/museumargs

Apoio e Realização