Léo Dexheimer: Anotações à margem de uma obra

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli convida para a exposição “Léo Dexheimer: Anotações à margem de uma obra:”, no dia 5 de outubro (quinta), às 19h, com curadoria de Renato Rosa. A mostra pode ser visitada de 6 de outubro a 26 de novembro na Galeria Iberê Camargo do MARGS, com entrada franca.

As obras estão distribuídas entre aquarelas, desenhos a nanquim, litogravuras e gravuras em metal, apresentando figuras humanas e alguns estudos de paisagens que remontam ao período que o artista viveu em Brasília, no período pós 1964.

A partir do golpe militar de 31 de março de 1964, a Universidade de Brasília passa a ser tratada pelo novo governo como foco de subversão, o que acabou provocando a invasão do campus por tropas da Polícia Militar de Minas Gerais no dia nove de abril. No dia 13 do mesmo mês, por meio de decreto presidencial, foram extintos os mandatos dos membros do Conselho Diretor da FUB, inclusive o do reitor Anísio Teixeira. A crise na UnB chegou ao seu ponto de maior desgaste quando, 15 professores considerados subversivos foram arbitrariamente demitidos. Considerando que a UnB não mais oferecia as condições mínimas de tranquilidade para o ensino, pesquisa ou qualquer outro trabalho intelectual, mais de 200 professores pediram demissão, e entre os 35 professores relacionados estavam artistas e cineastas como Alfredo Ceschiatti, Athos Bulcão, Glênio Bianchetti, Jean Claude Bernardet, Leo Dexheimer, Damiano Cozzella, Maciej Babinski, Marília Rodrigues, Nelson Pereira dos Santos, Paulo Emílio Salles Gomes, Rogério Duprat.

A exposição pode ser visitada de terças a domingos, das 10h às 19h, com entrada gratuita. Visitas mediadas podem ser agendadas pelo e-mail educativo@margs.rs.gov.br.

 

Arte camerística

 

A arte de Léo Dexheimer distribuiu-se ao longo dos últimos sessenta anos entre o desenho e a pintura, somando-se à sua trajetória, técnicas gráficas como a xilogravura, gravura em metal e a litogravura. Artista pioneiro no Estado, no emprego sutil da encáustica, da serigrafia e do air brushing, este, com moldagens em pinturas sobre placas de poliestireno. Nesse percurso mostrou-se pouco e sempre – que lhe foi possível – e talvez por temperamento e escolha tenha trabalhado em silêncio, longe do alcance e do brilho fácil de holofotes.

 

A arte de Léo Dexheimer, ao mesmo tempo que é um somatório de alta precisão técnica e experimental, mostra-se como uma arte de silêncios que conduz à reflexão; uma arte camerística, pouco sinfônica e sem proposições de arroubos, como a de um exímio executor de seu ofício. Essa presença firme e discreta e, agora momentaneamente “revelada”, tem seu espaço garantido na arte contemporânea do Estado. Seu compromisso é com sua obra, seu depoimento pessoal está imerso em trabalho.

 

Buscou-se através de uma série selecionada de obras, uma composição de um todo em discretas particularidades até então escondidas de algo maior: uma obra construída. Sem que haja muita variação temática, ela está centrada na figura humana e alguns estudos de paisagens que remontam ao período que o artista viveu em Brasília, quando lecionou na UNB, fato relevante em sua carreira por pertencer ao grupo de professores que naquele período esteve descontente com os rumos do país pós-1964.

 

Desfilam olhares inquiridores ̶ profundos, tensionados, cavaleiros resguardados por armaduras,  ̶ um universo de simbologias, mas também um conjunto exemplar de pequenas e fluídas aquarelas e estudos de sua vivência nas terras coloridas do Planalto Central. Este é um momento único para que, pelo menos, uma nova geração tenha acesso à obra de um artista com personalidade e acentos próprios e definidos.

 

Renato Rosa (curador)

 

O artista

LÉO DEXHEIMER nasceu em 1935, em Porto Alegre, cidade onde vive e trabalha. Pintor, desenhista e gravador, formado pelo Instituto de Artes da UFRGS. Em 1958 obteve o primeiro prêmio no Salão Câmara Municipal de Porto Alegre. Participou de inúmeros salões no país e coletivas importantes em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Em 1995, participou da coletiva de gravadores “Artistas de Porto Alegre”, Casa Chagall, Haifa, Israel. Nos últimos anos o artista vem se dedicando às técnicas de reprodução gráfica, especialmente a litogravura e a gravura em metal. Aprendeu litografia com Marcelo Grassmann  e cursa gravura em metal com Iberê Camargo, em 1955, no Clube de Gravura de Porto Alegre. Concluiu em 1960 o Curso de Pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Fundou com colegas da então Escola de Belas Artes, o Grupo Bode Preto, que se opunha à rigidez acadêmica da instituição ao lado de Francisco Ferreira, Joaquim da Fonseca e Waldeni Elias. Publicou em 1961, o álbum de xilogravuras “São Miguel das Missões”, com Waldeni Elias. A partir de 1966, atuou também na área publicitária e em produção gráfica. Trabalhou em diagramação em jornais de Porto Alegre, lecionou pintura, desenho e gravura nas Escolas de Arte de Novo Hamburgo e de Cachoeira do Sul. Entre 1963 e 1965, lecionou desenho e artes gráficas na UnB (Brasília/DF) à qual retornou, após a abertura democrática do país, entre 1988 e 1991, aposentando-se. De 1988 a 1991, retorna para a UnB. Realizou, em 1971, em Porto Alegre, vibrante exposição na Galeria Esphera exibindo técnicas avançadas para o meio artístico local, air brushing sobre placas moldadas de poliestireno e em 1978, na Galeria do IAB, pinturas sobre madeiras recuperadas, retomando a encáustica, técnica que remonta à Antiguidade e que consiste na mistura de pigmentos com cera de abelha, produzindo um efeito translúcido. Dexhemer foi durante décadas um dos raros artistas a dedicar-se à essa técnica. O artista possui obras nos acervos da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo/Instituto de Artes da UFRGS e MARGS. Participou em 2014 no Museu Nacional dos Correios em Brasília (DF), da exposição “Gravuras do Acervo” da coleção da Casa da Cultura da América Latina (CAL).

 

Encáustica

Léo Dexheimer sempre foi pioneiro no Rio Grande do Sul no emprego dessa técnica especial de pintura. A encáustica é uma técnica de pintura onde os pigmentos são misturados e aplicados com cera quente. O nome deriva de uma palavra grega que significa “queimado em”. Foi a técnica mais comum nos primeiros séculos da era cristã, mas caiu em desuso por volta do século VIII ou IX. Desde então várias vezes tentou-se retomá-la. O norte-americano Jasper Johns empregou a encáustica em suas pinturas, mas a técnica tem hoje poucos cultores, provavelmente por ser de difícil domínio.

 

SERVIÇO

Título: Léo Dexheimer: Anotações à margem de uma obra

Artista: Léo Dexheimer

Curadoria: Renato Rosa

Abertura 5 de outubro (quinta) de 2017

Visitação: De 6 de outubro a 26 de novembro de 2017

Local: Galeria Iberê Camargo do MARGS (Praça da Alfândega, s./n.)

Entrada Franca

 

Realização

Secretaria de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer

Governo do Estado do Rio Grande do Sul

Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli

 

Patrocínio

Banrisul

BRDE

 

Apoio

Café do MARGS

Arteplantas

Celulose Riograndense

AAMARGS

 

Museu de Arte do Rio Grande do Sul

Localização: Praça da Alfândega, s./n.

Centro Histórico, Porto Alegre, RS

Telefone: 32272311

Entrada Franca

Site: www.margs.rs.gov.br

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