História

A primeira exposição do MARGS, Arte Brasileira Contemporânea, ocorreu em 1955, na Casa das Molduras, com o objetivo de atualizar o público gaúcho em relação à produção nacional de novas tendências. A mostra apresentou obras de 33 pintores, entre eles, Portinari, Di Calvanti, Schaeffer, Iberê Camargo, Petrucci, Trindade Leal e Ângelo Guido. Na época os setores administrativos do Museu funcionavam na sede da Divisão de Cultura, antigo órgão da Secretaria de Educação.

Por volta de 1956, calcula-se que o Acervo do MARGS já contava com cerca de 100 obras, sendo as primeiras aquisições trabalhos de Vasco Prado, Pedro Weingärtner, Fahrion, Alice Soares, Alice Brueggemann, Hofstetter, Ângelo Guido, Corona, Benito Castañeda, Visconti, Arthur Timóteo da Costa, Bernardelli, Scliar, Bianchetti, Rosa Bonheur, Portinari, Oscar Boeira e Di Cavalcanti, entre outros. Até o final dos anos 60, o Acervo seria enriquecido com peças de Caterina Barateli, Paulo Osir, Bustamante Sá, Henry Geoffroy, Tadashi Kaminagai, Joseph Bail, Debret, Wilbur Olmedo, Edi e Sobragil Carollo, Buxton-Knight, Goeldi, Käthe Kollwitz, Manabu Mabe, Grassmann e Avatar Moraes.

Mas o Museu só foi oficialmente inaugurado dois anos depois de sua primeira mostra, com uma retrospectiva de Pedro Weingärtner, em 1957, no foyer do Theatro São Pedro. O Museu abria nos intervalos das peças e a idéia de Ado Malagoli era consolidar o MARGS como uma referência no circuito artístico local. Pensando nisso, o então diretor dedicou atenção não só à formação do Acervo, mas também a cuidados como a adaptação do foyer em termos de ambiente e iluminação adequados. Nesse período, a equipe administrativa do Museu ocupava o espaço que atualmente abriga o Café do Theatro São Pedro.

 

Outra preocupação de Malagoli foi a de instituir uma dinamicidade que até hoje permeia as relações do MARGS com a comunidade: o estabelecimento de um museu vivo, cujas obras, reproduções e atividades de extensão ocupassem também outros espaços como o do Instituto de Artes da UFRGS e o galpão conhecido como “Mata-borrão”, localizado na esquina da Borges de Medeiros com a Andrade Neves, que funcionava como importante espaço cultural.
A mostra individual de Candido Portinari, em junho de 1958, atraiu um grande público da capital e do interior do Estado. Desse período até o início dos anos 70, também se destacariam a realização da primeira mostra de Acervo do MARGS, em janeiro de 1959, e exposições de artistas locais e nacionais como Di Cavalcanti, Iberê Camargo, Frank Schaeffer, Glênio Bianchetti, grupo Bode Preto, Alice Soares, Francisco Stockinger, Heitor dos Prazeres, Regina Silveira, Vasco Prado e Danúbio Gonçalves. Na mesma época, o público entrou em contato com nomes significativos da arte internacional, como Maria Bonomi, Debret, Mabe, Fukushima, Solari, Uragami, Rivera, Orozco e coletivas de arte polonesa, japonesa, alemã e mexicana.

Em 1973, o MARGS mudou novamente de sede, em função das obras de restauro do Theatro São Pedro, instalando-se em dois andares do Edifício Paraguay, sede do antigo Cot

illon Club, localizado na Avenida Salgado Filho, no centro de Porto Alegre. A inauguração foi marcada com a exposição Gravura alemã contemporânea. Em termos funcionais, a época foi marcada pela divisão da administração do Museu em Núcleos, estrutura que mantém até hoje.

O período também é marcado por importantes doações para o Acervo do MARGS, como Tempora Mutantur, de Pedro Weingärtner, Paisagem, de Ângelo Guido,Colonas, de Di Cavalcanti e Figura em tensão, de Iberê Camargo, que foram transferidas da ala residencial do Palácio Piratini para fazer parte da Coleção do Museu. Obras de Plínio Bernhardt, Joel Amaral, Circe Saldanha, Carlos Asp, Fukushima, Alice Brueggemann, Fayga Ostrower, Lutzenberger, Trindade Leal, Paulo Peres, Leopoldo Gotuzzo, Sicart, Sotéro Cosme e Géza Heller, entre outros, também passaram a integrar o Acervo nesta época. No final dos anos 70, calcula-se que a Coleção já contava com mais de mil peças. Em 1974, o MARGS editou seu primeiro catálogo de obras do Acervo.

Em 1975, o Museu começou a documentar sistematicamente suas atividades e refletir sobre o campo artístico através de boletins informativos, que ao longo dos anos transformaram-se em verdadeiras revistas de arte, com artigos e entrevistas. Os Boletinsdepois seriam substituídos pelo folheto Em Pauta, que circulou até 1998. Também em 1975, a equipe de divulgação do MARGS produziu o programa Artistas, Museus e Galerias, na rádio FM Cultura.

Na década de 70 se destacariam ainda a realização de diversas atividades voltadas à comunidade, como cursos projetos musicais, intervenções de arte-educação infantil, oficinas de arte – Carlos Scarinci, Alice Soares, Christina Balbão, Helena Maya D’Ávila e Plínio Bernhardt eram alguns dos professores do MARGS na época -, além de sessões de cinema sobre arte. Em 1977 o MARGS dá início a suas atividades de mediação e atendimento às escolas, expandindo seu setor educativo. E alguns projetos culturais marcaram época, como o Música no MARGS-OSPA, O Museu vai à indústria– no qual artistas emprestavam obras em papel para serem levadas às fábricas -, e mostras realizadas em instituições penais e psiquiátricas

O final da década representa uma guinada no histórico do Museu: a ocupação de sua sede definitiva. Apesar do decreto de transferência do MARGS datar de 1974, a mudança para a Praça da Alfândega só ocorreu em 1978, inaugurada com a Exposição de Acervo, a Mostra do Desenho Gaúcho e o III Salão de Cerâmica. Para a instalação do Museu, foram realizadas modificações no prédio histórico da antiga delegacia fiscal, como a colocação de luzes de espectro especial e filtros nas janelas contra raios ultravioletas. Também foram criadas as Salas Negras, espaço adequado para exposição de obras em papel, em função da reduzida iluminação.

Em termos de mostras realizadas no período, destacam-se as de Arthur Piza, Grupo Nervo Óptico, Luiz Gonzaga, José Lutzenberger, Volpi, Danúbio Gonçalves, Guido Viaro e do Clube de Grabado de Montevideo. Intercâmbios com instituições estrangeiras trouxeram obras de Dali, Lurçat, Picasso e a Mostra Internacional de Arte Infantil, vinda da Inglaterra. O Acervo do MARGS foi visto no interior do Estado – em Caxias do Sul, Rio Grande, Ijuí e Pelotas – e internacionalmente, com a exposição Pintura Gaúcha em Washington. Na nova sede, o Museu expôs Rubens Gerchman, Iberê Camargo, Geza Heller e Petrucci, além de estender seu alcance até a Praça da Alfândega, levando esculturas de Astrid Linsenmayer, Gutê, Tenius, Cláudia Stern, Guma, Caselli, Irineu Garcia, Mirian Obino, Nélide Bertoluci, Roberto Cidade, Rodolfo Garcia e Vasco Prado para exposições no espaço público.

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