MARGS 70 — Percursos de um acervo

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul — MARGS, instituição da Secretaria de Estado da Cultura do RS — Sedac e com patrocínio do Banrisul, anuncia a ampla exposição apresentada em celebração aos 70 anos do Museu. 

Intitulada “MARGS 70 — Percursos de um acervo”, a ampla e extensa mostra terá a inauguração de sua 1ª parte, reunindo mais de 200 obras, no dia 23.03.2024, às 10h30, em evento gratuito e aberto ao público. 

Dando sequência ao conjunto de exposições realizadas no último ano pela programação dos 70 anos do Museu, esta mostra comemorativa de agora é baseada totalmente no Acervo Artístico do MARGS, tendo sido especialmente concebida para a ocasião do aniversário, a ser celebrado em 27.07.2024.

Simbolicamente pensada para ocupar só com obras do acervo a totalidade do prédio do Museu, a exposição tem lugar nos seus 2 andares, dividida em 2 partes estendidas no tempo e que se integram:

> PARTE 1: uma primeira seleção de obras, apresentada em todos os espaços expositivos do 1º andar, entre 23.03.2024 e 18.08.2024.

> PARTE 2: um complemento com outra seleção de obras, apresentada em todos os espaços expositivos do 2º andar, a partir de 18.05.2024 e em simultâneo até 18.08.2024.

“MARGS 70 — Percursos de um acervo” pretende oferecer ao público a oportunidade de ver reunido um espectro de obras marcantes e emblemáticas do Museu, a partir de uma amostragem panorâmica do universo de mais de 5.800 obras. Ao mesmo tempo que reúne peças historicamente destacadas do acervo, justapõe obras menos conhecidas e pouco ou há muito tempo não exibidas.

No conjunto, tem-se uma diversidade de abordagens artísticas, com objetos de diferentes tempos, suportes e linguagens colocados em diálogos e tensionamentos, compondo seções identificadas ao longo do percurso e com as quais a exposição se organiza. Esses segmentos são também conformados pela arquitetura dos espaços expositivos, distribuindo-se segundo as salas e galerias do Museu.

Por “percursos” empregado conceitualmente no plural no subtítulo da exposição, a curadoria da exposição aponta para 3 dimensões: 


  1. A trajetória de constituição do acervo no decorrer dos últimos 70 anos, pontuada na exposição com o ano de aquisição de cada obra informado nas fichas técnicas às paredes.
  2. Os caminhos que envolvem percorrer o acervo, selecionar as obras e estabelecer as suas aproximações, correlações e justaposições propostas entre o conjunto, efetivadas no “desenho” da exposição.
  3. E o deslocamento do visitante no espaço da exposição, a partir das variadas rotas de navegação de encontro com as obras pelo público, das diferentes possibilidades de relações entre as obras e da experiência diversa de cada um ao percorrer ao seu modo os trabalhos em exibição.

“MARGS 70 — Percursos de um acervo” tem curadoria de Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, com assistência curatorial de Cristina Barros, curadora-assistente do MARGS, e envolvimento de todas as equipes e setores do Museu, além de colaboradores externos.

>>> SEGUEM ABAIXO MAIS INFORMAÇÕES SOBRE A EXPOSIÇÃO E O ACERVO DO MARGS

>>> UM HISTÓRICO DO MUSEU PODE SER CONFERIDO NO LINK: https://www.margs.rs.gov.br/o-margs-e-sua-historia/

 

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O MARGS E O SEU ACERVO

Por Francisco Dalcol
Diretor-curador do MARGS
Doutor em Teoria, Crítica e História da Arte

O MARGS é o principal museu de arte do Rio Grande do Sul e um dos mais importantes do país. É uma instituição museológica vinculada à Secretaria de Estado da Cultura, voltada à história da arte e à memória artística, e também à produção e pensamento contemporâneos em artes visuais.

Sua fundação se deu em 1954, por decreto do Governo do Estado, sem sede própria nem acervo inicial. A criação do Museu atendia a anseios do meio político-cultural e da comunidade artística, dando-se em um contexto de institucionalização no Brasil, em sequência às fundações de importantes museus no final dos anos 1940, como os Museus de Arte Moderna de São Paulo (1948), do Rio de Janeiro (1948) e mesmo de Florianópolis (1949), e também da própria Bienal de São Paulo (1951). Entretanto, a denominação “museu de arte moderna”, então em voga sobretudo desde a fundação do MoMA de Nova York, em 1929, não acompanharia a formulação do nome do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, seguindo assim caso mais próximo e semelhante ao Museu de Arte de São Paulo — MASP (1947).

Inicialmente, o MARGS funcionou em um espaço adaptado no Theatro São Pedro. No começo dos anos 1970, mudou-se para um edifício do centro de Porto Alegre até que, em 1978, passou a ter como sede definitiva o atual prédio histórico da Praça da Alfândega, construído entre as décadas de 1910 e 30, onde funcionou a antiga Delegacia Fiscal da união.

Criado como equipamento público voltado à preservação do patrimônio artístico do Estado e à atualização da produção e do pensamento em artes visuais, o MARGS teve seu Acervo Artístico iniciado ainda em 1954, pelo seu primeiro diretor, o artista e professor Ado Malagoli. Nesse momento, sua formação se deu, em maior parte, através de aquisições por meio de compra, parte delas em São Paulo e Rio de Janeiro, seguidas por transferências de obras que se encontravam dispersas em repartições e instituições públicas, muitas delas em condições comprometidas de conservação. Houve ainda, em menor número, aquisições por prêmio e por doação.

Nesse começo de formação, foram contempladas tendências artísticas desde o academismo e o pré-moderno até as vertentes modernistas, em um arco histórico do século 19 à metade do século 20, notadamente de artistas brasileiros, incluindo a produção de artistas gaúchos, além de estrangeiros, sobretudo franceses. Algumas dessas obras figuram ainda hoje entre as mais afamadas e icônicas do MARGS, a exemplo de “A dama de branco” (1906), de Arthur Timótheo da Costa, e “Almofada amarela” (1923), de Leopoldo Gotuzzo.


No decorrer destes 70 anos, a ampliação do acervo foi se dando pelas iniciativas e políticas adotadas pelas gestões seguintes, com atuações mais ou menos ativas, resultando, sobretudo, das oportunidades dos momentos, da generosidade de artistas, doadores e patrocinadores e também do papel da Associação de Amigos do Museu. 

Apesar dos distintos critérios e da diversidade de escolhas, ainda assim uma mesma linha manteve-se até aqui, consolidando uma certa orientação: o compromisso com o resgate do passado, juntamente à abertura ao presente em seu papel de renovação e atualização das convenções, linguagens e valores artísticos. Portanto, colecionar obras de arte consagrando atuações da história da arte ao mesmo tempo reconhecendo e legitimando a produção do presente é algo que acompanha a história do MARGS até hoje, apontando para um sentido mesmo de projeção à posteridade, próprio ao trabalho de constituição de memória. O que assinala a temporalidade complexa em que se assenta um museu de arte, uma mistura de passado, presente e mesmo futuro.

Assim, em termos de caracterização e perfil, o acervo do MARGS é definido como de tipologia artística, abarcando desde o século 19 até a atualidade, contemplando diferentes linguagens das artes visuais, como pintura, escultura, desenho, gravura, cerâmica, arte têxtil, objeto, fotografia, instalação, performance, arte digital, vídeo, filme e design, entre outras. O conjunto é composto por arte brasileira, com ênfase na produção de artistas gaúchos, e também por obras de artistas estrangeiros, das quais conta com nomes significativos.

Neste século 21, a ampliação do acervo se intensificou, mais que duplicando-o quantitativamente com relação ao crescimento nas décadas anteriores — de cerca de 2.000 obras na virada do milênio para as atuais mais de 5.800.


Em termos de preservação, pesquisa e divulgação, o acervo chega a 2024 totalmente catalogado, digitalizado e disponibilizado publicamente para consulta em meio online, sendo difundido de modo permanente por exposições, pesquisas curatoriais, programas educativos e públicos, além de empréstimos temporários em colaboração com projetos de outras instituições.

 

TEXTO CURATORIAL DA EXPOSIÇÃO

 

Por Francisco Dalcol
Diretor-curador do MARGS
Doutor em Teoria, Crítica e História da Arte

As obras de um acervo acionam memórias e narrativas. Mas ainda que esses objetos possam ser sempre os mesmos, os seus sentidos se relacionam e se renovam junto com o mundo e a realidade em que são inseridos; e esses contextos e sensibilidades mudam, oferecendo múltiplos significados e interpretações alternativas, que redimensionam nossa própria compreensão e experiência com a arte.

Dito de outro modo, obras de arte não são estáticas nem unívocas, e o ato de as “expor-e-expor” continuamente, segundo o princípio de que acervos sejam “praticados”, permite que possam ser sempre pensadas e repensadas.

Afinal, acervos respaldam, hierarquizam e canonizam valores e narrativas que se impõem como oficiais e vigentes de uma história da arte que vem sendo revisada criticamente quanto ao reexame das bases eurocêntricas e colonizantes que assentam a sua constituição e legitimação.

Isso vai ao encontro da ideia de que museus devem problematizar suas narrativas, cânones e genealogias, e também as presenças, lacunas e sub-representações, abrindo-se à reconsideração e reenquadramento com novas formas de refletir sobre seu próprio papel e atuação. Não só em relação a como a arte é colecionada e exibida, mas a como pode incluir vozes e visões, enquanto espaço ativamente mais plural e menos assimétrico em sua atuação na esfera pública.

Assim, fundamentando-se nos pressupostos conceituais e teóricos desse pensamento, esta exposição se assume como um recorte apenas parcial e possível entre outros inúmeros no interior do acervo, e que propõe escolhas e inter-relações entre obras diversas e distintas quanto à sua época e tipologia a partir de um olhar situado desde o presente artístico, histórico e social.

Nessa perspectiva, os objetos são colocados “em cena” e em “relação” segundo correlativos críticos propostos pela curadoria, articulando a distância temporal de realização da obra e a sua inserção na circunstância expositiva, de modo a se explorar novas especulações.

Essa compreensão envolve ainda uma mudança na ênfase de enfoque: menos para o que uma obra significaria ou representaria (foco no objeto) e mais para o dos sentidos e efeitos que é capaz de produzir (foco no sujeito que percebe e experimenta).


Desse modo, “MARGS 70 — Percursos de um acervo” dá continuidade a um campo de estratégias expositivas e metodologias curatoriais de abordagem e divulgação do acervo, que vêm sendo exploradas e desenvolvidas desde 2019 pela atual Direção, em especial em programas como “Acervo em movimento”. 

Já de um modo mais amplo, insere-se em uma linhagem de exposições de arte em contexto museológico que propõem compreensões alternativas ao viés linear, cronológico e evolutivo que incide sobre a história da arte com suas categorias e convenções, traçando novos enfoques para a disciplina. E, também, participa do renovado interesse pela prática e pensamento em curadoria quanto à reflexão sobre a formação de coleções/acervos e seus modos de ver, interpretar e exibir, repensando formatos institucionais de apresentação, mediação e construção de significado.

 

SERVIÇO

“MARGS 70 — Percursos de um acervo”

Abertura da 1ª parte da exposição comemorativa dos 70 anos do MARGS

Quando: sábado, 23.03.2023, às 10h30

Onde: 1º andar expositivo do MARGS (Pinacotecas, Salas Negras e Sala Aldo Locatelli). O MARGS se localiza na Praça da Alfândega, s/n°, Centro Histórico de Porto Alegre, RS — Brasil — 90010-150

Visitação: terça-feira a domingo, das 10h às 19h (último acesso 18h), com entrada gratuita. Visitas mediadas para escolas e grupos devem ser agendadas pelo email educativo@margs.rs.gov.br

Contato imprensa:
Núcleo de Comunicação e Design do MARGS  
comunicacao@margs.rs.gov.br margsmuseu@gmail.com 

 

 

MARGS | MUSEU DE ARTE DO RIO GRANDE DO SUL 

Instituição museológica pública, vinculada à Secretaria de Estado da Cultura do RS, voltada à história da arte e à memória artística, assim como às manifestações, linguagens, investigações, pesquisas e produções em artes visuais.

O MARGS realiza seus projetos por meio de patrocínios como pela Lei de Incentivo à Cultura Federal. O projeto do Plano Anual 2023, gerido pela Associação de Amigos do Museu (AAMARGS), está identificado pelo PRONAC 223047 sob o nome “Exposições de Artes Visuais no MARGS”.

Patrocínio direto:

Banrisul

Apoio:

Café do MARGS

Banca do Livro

Bistrô do MARGS

Arteplantas

iSend

Realização:

AAMARGS – Associação dos Amigos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul 

MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul 

SEDAC – Secretaria de Estado da Cultura do RS / Governo do Estado do Rio Grande do Sul

MARGS

Praça da Alfândega, s/n°

Centro Histórico, Porto Alegre/RS, Brasil, CEP 90010-150

Visitação de terça a domingo, 10h às 19h (último acesso 18h), entrada gratuita

Telefone: +55 (51) 3286-2597

Site: www.margs.rs.gov.br

Facebook: https://www.facebook.com/museumargs

Instagram: www.instagram.com/museumargs

Apoio e Realização