Data / Hora
Date(s) - 20/11/2021
16:00 - 17:00
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O Museu de Arte do Rio Grande do Sul — MARGS, instituição da Secretaria de Estado da Cultura — Sedac-RS, traz a público uma performance de Estêvão da Fontoura, como parte final do programa público da exposição individual do artista no Museu.
Intitulada VESTÍGIOS (DE)COLONIAIS, a performance será realizada neste sábado, 20.11.2021, às 16h, com todos os cuidados e medidas do protocolo de segurança sanitária do Museu.
A ação dialoga com a obra “Evidência temporal”, uma videoperformance na qual o artista raspa seu cabelo como forma de “experimento temporal” (leia mais abaixo). A projeção desse trabalho integra a exposição “Estêvão da Fontoura — DESOBECIÊNCIA: arte e ciência no tempo presente”, que se encerra neste domingo, 21.11.2021 (visitação das 10h às 19h, último acesso 18h30).
A mostra individual, que tem lugar nas Salas Negras do Museu, é o resultado final do projeto de mesmo nome, originado em 2014, a partir do encontro no Vila Flores, em Porto Alegre, do artista Estêvão da Fontoura, participante do Projeto Casa Grande (Prêmio Funarte de Arte Negra 2012), e do sociólogo Joel Grigolo, membro fundador do Hackerspace Matehackers.
O projeto tem financiamento do Pró-cultura RS FAC (Fundo de Apoio à Cultura) – edital FAC Movimento, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, com produção executiva da Stephanou Cultural e apoio da Gráfica Odisséia, Hackerspace Matehackers, MARGS, Instituto Federal do Rio Grande do Sul — Campus Osório e DEDS: Departamento de Educação e Desenvolvimento Social da UFRGS.
No MARGS, “Estêvão da Fontoura: DESOBECIÊNCIA — Arte e ciência no tempo presente” integra o programa expositivo do MARGS intitulado “Poéticas do agora”, dando sequência às mostras “Bruno Borne – Ponto vernal” (2019/2020) e “Bruno Gularte Barreto – 5 CASAS” (2021). Dedicado a artistas atuais cuja produção recente tem se mostrado promissora e relevante no campo artístico contemporâneo, o programa destaca pesquisas em poéticas visuais artísticas que investem na investigação e experimentação de linguagem, bem como na transdisciplinaridade dos meios, operações e procedimentos.
Além de integrar o “Poéticas do agora”, a individual “Estêvão da Fontoura – DESOBECIÊNCIA: arte e ciência no tempo presente” estabelece também uma interface com o programa público do MARGS intitulado “Presença negra”, atualmente em andamento e que busca discutir e refletir sobre a presença de artistas negros e negras no Museu.
A PERFORMANCE
“VESTÍGIOS (DE)COLONIAIS”, por Estêvão da Fontoura
Nesta performance que dialoga com a videoperformance “Evidência temporal”, presente na exposição “DESOBECIÊNCIA: arte e ciência no tempo presente”, o artista realiza novamente a ação de raspar o próprio cabelo crespo, neutralizando, assim, aquele que é seu maior traço identitário relacionado à origem da família materna: africana.
Por ser um homem negro de pele clara, aparentemente seria possível ao artista esconder esta origem, a partir das falas de muitas pessoas que afirmam que ele não é negro por não ter a pele escura. Tais pessoas ignoram o fato de que mesmo as pessoas negras de pele clara sofrem com o racismo estrutural diariamente e sofrem diversos tipos de assédio.
Foram necessários 43 anos, 8 meses e 22 dias de vida e trabalho árduo para que o homem negro e artista Estêvão da Fontoura conseguisse alcançar o patamar de reconhecimento que significa expor seu trabalho individualmente no MARGS, ainda que tenha começado a trabalhar aos treze anos, ainda que tenha iniciado a carreira de professor de arte aos dezenove como estagiário, ainda que tenha sido um dos vencedores do Prêmio Funarte de Arte Negra em 2012 com o Projeto Casa Grande.
Do bom dia que não recebe resposta na padaria à dificultação do acesso à pós graduação pelo fato de as bancas de seleção serem formadas exclusivamente por pessoas brancas, o racismo torna a experiência cotidiana das pessoas negras em algo áspero, árido, seco. Chegar aos quarenta e três anos já é em si uma vitória para um homem negro, principalmente em uma cidade onde se matam homens negros no supermercado.
O cabelo raspado nesta performance e guardado com o caráter de evidência – de que se esteve vivo, de que se passaram cinco meses e dezesseis dias desde que foi raspado pela ultima vez, de que um artista negro conseguiu acessar a instituição pública Museu – servirá como documento de que no meio do período mais sombrio da nossa história recente houve resistência, houve reflexão, houve paixão e houve coragem para continuar de cabeça erguida, raspada ou cabeluda, lisa ou crespa, por vontade própria.”
A EXPOSIÇÃO
A mostra “Estêvão da Fontoura: DESOBECIÊNCIA — Arte e ciência no tempo presente” é composta por 17 obras em diversas linguagens, como desenho, vídeo, livro de artista, objetos e “gambiarras tecnológicas”, provocando o público a pensar nas percepções cotidianas em relação ao tempo e ao espaço na cidade. Os trabalhos são apresentados em 5 eixos expositivos: (1) Previsões do futuro; (2) Distorções do tempo; (3) Videolivros; (4) Videodesenhos; e (5) Obras-experimento.
De forma leve e bem humorada, Estêvão utiliza alta e baixa tecnologias para problematizar questões relacionadas ao ritmo, ao tempo passado, presente e futuro, arriscando algumas previsões que poderão ou não se confirmar ao longo da exposição. Dentre as 17 obras presentes na exposição, 2 são denominadas pelo artista como “obras-experimento”, trabalhos que resultam de “gambiarras tecnológicas” e oficinas com jovens estudantes de escola pública.
Nas palavras de Estêvão da Fontoura:
“Experimento artístico, social e educacional, convidando estudantes a criarem conteúdo para estas duas obras, provocando reflexões e debates sobre arte, tecnologia e sociedade. Em uma destas obras-experimento, estudantes do Ensino Médio serão provocadas e provocados a propor o conteúdo para frases luminosas que flutuarão no ar. Para isso, a obra ‘L.E.D. – Luzes em experimentos dialógicos’ será montada sobre um ventilador adaptado, onde 5 LEDs alinhadas verticalmente, controladas por uma placa Arduino Nano, piscarão em sincronia com as Rotações Por Minuto (RPM) para formar, a partir do fenômeno da Persistência da Visão (POV), as frases propostas pelas/pelos participantes das oficinas.
A obra é uma parceria do artista Estêvão da Fontoura com o sociólogo Joel Grigolo, ambos membros do Hackerspace Matehackers.
No eixo “Obras-experimento”, será exibida também a obra “A revolução será televisionada” (2015), outra parceria com Grigolo, que consiste em um televisor hackeado, transformado em um aparelho capaz apenas de fazer sua autocrítica, peça que está em processo de doação ao acervo do Museu. A obra, além de ter sido exposta na exposição de encerramento do Projeto Casa Grande, “Nigredo: obra e em negro” (2015), no Vila Flores, e na primeira individual do artista, “Arte Negra Parede Branca”, no Centro Histórico-Cultural Santa Casa (2018), integrou a Mostra Coletiva do 2º Prêmio de Arte Contemporânea da Aliança Francesa (2018).
A montagem contará com a série de 3 livros de artista onde o texto não será verbal, mas visual, e cada página conterá um fotograma de um vídeo, possibilitando que o leitor, ao folhear rapidamente o livro, como num flipbook, assista aos lábios do artista dizendo frases como “leia meus lábios”, “duas palavras” e “meia boca”, viabilizado pelo edital e que será distribuído gratuitamente.
O ARTISTA
Estêvão da Fontoura Haeser, Porto Alegre RS, 1977. Vive e trabalha entre Porto Alegre e Osório (RS). É artista multimídia, mestre em Informática na Educação pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – IFRS Campus Porto Alegre (2019), especialista em Pedagogia da Arte pela Faculdade de Educação da UFRGS (2009), Licenciado em Artes Visuais e Bacharel em Artes Plásticas (Habilitação em Desenho), ambos pelo Instituto de Artes da UFRGS (2018 e 2003, respectivamente). É professor de arte no IFRS – Campus Osório.
É coordenador do programa Galeria de Arte Claudia Paim, IFRS Campus Osório (2020-2021). Foi curador das mostras brasileiras na trienal Eksperimenta! de 2017 e 2014, em Tallinn, Estônia. Em 2013 realizou performances e intervenções na Escola Caseira de Invenções da 9ª Bienal do Mercosul e também na mostra artística Cabaré do Verbo. Participou do Projeto Casa Grande, vencedor do Prêmio Funarte de Arte Negra 2012, realizado ao longo de 2014 e 2015, do qual também foi co-autor.
Interessado pelas palavras e seus significados, o artista pesquisa as relações entre os nomes das coisas, sua função e seu significado, tensionando as relações de poder e as práticas sociais que sustentam a existência destes significados. Dentre as questões fundamentais do trabalho de Estêvão estão os direitos humanos, a educação e as construções sociais que definem padrões culturais na sociedade brasileira contemporânea, como o racismo estrutural e os preconceitos de raça e gênero, e suas consequências. Tais assuntos são abordados de forma engajada, evidenciando a postura política do artista, que vê a arte como possível promotora de transformações sociais. Portfólio online: www.estevaodafontoura.com.
SERVIÇO
Performance “VESTÍGIOS (DE)COLONIAIS”, com Estêvão da Fontoura
Quando: sábado, 20.11.2021, às 16h, gratuito, sem necessidade de agendamento
Onde: Museu de Arte do Rio Grande do Sul — MARGS
Exposição “Estêvão da Fontoura: DESOBECIÊNCIA — Arte e ciência no tempo presente”
Quando: visitação até domingo, 21.11.2021, das 10h às 19h (último acesso 18h30), gratuito, sem necessidade de agendamento. Visitas mediadas devem ser agendadas previamente no https://www.sympla.com.br/produtor/museumargs
Onde: Salas Negras do MARGS
REGRAS DE ACESSO E VISITAÇÃO
> Controle de público (grupos até 6 pessoas)
> Uso de máscara
> Medição de temperatura
> Respeito à distância de 2m
Lembramos que o uso correto da máscara é obrigatório durante toda a visitação.
Não deixe de apreciar as delícias da nossa Cafeteria e conferir a Livraria e Loja do MARGS.
MARGS | MUSEU DE ARTE DO RIO GRANDE DO SUL
Instituição museológica pública, vinculada à Secretaria de Estado da Cultura do RS, voltada à história da arte e à memória artística, assim como às manifestações, linguagens, investigações, pesquisas e produções em artes visuais.
O MARGS realiza seus projetos por meio do Plano Anual via Lei de Incentivo à Cultura Federal, gerido pela Associação de Amigos do Museu (AAMARGS). O Plano Anual 2021 (Pronac: 203582) conta com os seguintes patrocinadores e apoiadores.
Patrocínio
BRDE
CMPC Celulose Riograndense Ltda
Vero Banrisul
Sulgás
Apoio
AAMARGS – Associação dos Amigos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul
Café do MARGS
Banca do Livro
Bistrô do MARGS
Arteplantas
Tintas Killing
iSend
Realização
Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Secretaria de Estado da Cultura do RS
MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul
MARGS
Praça da Alfândega, s/n°
Centro Histórico, Porto Alegre, RS
90010-150
Visitação de terça a domingo, 10h às 19h, entrada gratuita
Telefone: (51) 3227-2311
Site: www.margs.rs.gov.br
Facebook: https://www.facebook.com/museumargs
Instagram: www.instagram.com/museumargs