João Otto Klepzig lança livro e abre exposição de esculturas no MARGS

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli tem a honra de apresentar a exposição “Cabeças: Relicário do Pensamento”, de João Otto Klepzig, no dia 26 de agosto, às 11h, com entrada franca. A mostra, com curadoria de André Venzon, pode ser visitada de 27 de agosto a 24 de setembro, na galeria Oscar Boeira do MARGS. São cerca de 50 esculturas que celebram a figura humana com técnica apurada e subjetividade. Algumas delas, em cerâmica, outras em bronze, representando cabeças humanas, desconstruídas em formas geométricas.

No dia 26 de agosto também será lançado o livro que acompanha a exposição e documenta a trajetória de 20 anos de produção do artista. A obra é ilustrada com fotografias de Fernando Zago, mostrando o processo criativo de João Otto e sua dedicação integral ao labor artístico, desde o final dos anos 90.  A publicação é organizada pela Editora AGE, possui 127 páginas e poderá ser adquirida na Loja do MARGS, ao preço de R$ 150,00, no dia do lançamento o valor é de R$120,00.

Quando tinha 68 anos, João Otto Klepzig foi reduzindo o ritmo de trabalho que desenvolvia na área comercial, mesclando com aulas de escultura no Atelier Livre, até encerrar por completo as atividades profissionais aos 77, quando então se deu a entrega total a essa arte.

No início as aulas no referido Atelier da Prefeitura de Porto Alegre eram apenas uma noite por semana, depois duas, três, e dessa maneira foi buscando se tornar artista.  De 2002 até hoje João, sob orientação do escultor Caé Braga, vem participando de cursos e oficinas no Museu do Trabalho de Porto Alegre.

O artista conta que a ideia de usar cabeças, surgiu no MARGS, observando uma gravura que mostrava uma cabeça com as orelhas enormes. Aquilo o inspirou a tentar fazer esculturas em padrões mais desestruturados.

Klepzig procurou então passar para a argila as expressões humanas capturadas por sua observação e análise. Em 2007 iniciou a fundir as cabeças em bronze, o que valorizou ainda mais seu trabalho, realçando a beleza e os traços observados. Em 2012 começou a colorir as cabeças com cores vivas, o que lhes conferiu um visual inédito.

Durante o desenvolvimento de seus estudos e experiências, João Otto Klepzig tratou de desestruturar as formas e os traços, sempre na tentativa de realçar e conferir maior força às suas linhas. Essas interferências buscaram, assim, imprimir diferentes expressões do rosto humano, interpretadas sob múltiplas visões.

O artista usa a cabeça como metáfora da evolução humana. Segundo Klepzig, “nossa cabeça leva a refletir sobre quem somos e o que queremos atingir no nosso processo vital como seres humanos, e o significado desses aspectos incentiva a busca por novas concepções sobre as várias expressões humanas”.

A exposição pode ser visitada de terças a domingos, das 10h às 19h, com entrada gratuita. Visitas mediadas podem ser agendadas pelo e-mail educativo@margs.rs.gov.br.

 

 

Qual é a sua cabeça?

Deveríamos ser capazes de cortar nossas cabeças e renascer depois, para poder nos falar, nos ouvir, nos olhar, como se nunca tivéssemos nos vistos.

Este pode ser o efeito que as obras de João Otto Klepzig provocam. Suas cabeças, em bronze e cerâmica, nascem de sua inspiração nessa estrutura óssea que é centro principal de nossas funções cognitivas. Em seus primeiros trabalhos, o artista produziu fontes de água, já com notável qualidade técnica. Essas nascentes artificiais do líquido que representa a vida parecem ter indicado ao escultor outro tipo de fonte, ainda mais simbólica: a cabeça.

O lugar onde residem os pensamentos é engendrado pelo artista de diferentes formas, resultantes de um exercício habilidoso de equilíbrio entre elementos geométricos e orgânicos de sua composição plástica, cuja investigação dos conceitos, materiais e técnicas envolveu viagens de estudos a museus, galerias e ateliês na Europa. O resultado dessa dedicação à arte é apresentado agora em livro, lançado junto a esta exposição, que reúne suas principais criações.

Seu ateliê é a oficina de escultura do Museu do Trabalho, em Porto Alegre, na qual tem como mestre o artista e amigo Caé Braga. Um lugar onde também compartilha a experiência de conhecer outros artistas, seja no ambiente das oficinas ou no espaço de exposições.

Diante das obras de Klepzig, uma primeira questão se impõe: “Qual é a sua cabeça?” O que nos desperta para reflexão no campo das ideias, do direito e do dever de nos expressarmos livremente, usando nosso potencial criativo para os pensares e fazeres artísticos que nos possibilitem alcançar um real desenvolvimento cultural e, consequentemente, humano.

No livro do Gênesis, Deus formou o corpo do homem “do barro da terra” e lhe soprou no rosto o “alento de vida”. Também é do barro — matéria elementar de grande parte da criação humana — que o artista molda suas cabeças, para depois escavá-las como se fossem caixas geométricas, fazendo surgir engenhosos espaços no vazio da massa subtraída.

Apesar disso, engana-se quem pensa que ele faz seus crânios da argila da terra: ao contrário, os desfaz desse elemento natural para depois fundi-las em bronze. Sua operação é como o dito popular “virar a cabeça ao avesso”. Ou, se fôssemos aplicar outra expressão muito conhecida, inverteríamos a célebre frase para “cada sentença uma cabeça”. Logo, não se estranha que essas obras não tenham títulos, pois, nelas, a questão da identidade está ligada a uma estética residual que as cabeças representam. Poderíamos dizer que são desconstruções e o que sobra é um reflexo deformado dos limites das formas físicas e espirituais que nos contornam e preenchem, ou seja, do nosso ser.

Nesse habilidoso exercício da abstração — que faz referência ao Cubismo — o artista deixa marcas que nos confundem em diversos rostos, nos quais, porém, podemos ainda nos reconhecer. Pois, ao vermos essas cabeças decepadas do corpo social a que pertencemos, é possível perceber que elas também nos falam, nos ouvem e nos olham e, nesse vis-à-vis, em busca do âmago de cada um, pode se revelar o devir da arte.

 

André Venzon

Artista Visual, mestrando em Poéticas Visuais pelo PPGAV-UFRGS.

 

 

 

 

Sobre João Otto Klepzig

Com suas incríveis cabeças João Otto nos faz perguntar se podemos ser diferentes em um mundo urbano tão homogeneizado. E de pronto elas nos levam à própria gênese e ontologia dos processos cognitivos humanos, posto que inescapavelmente a cabeça representa um ícone da atividade de pensar.

Rualdo Menegat

Geólogo, pesquisador e professor do Instituto de Geociências da UFRGS.

 

O processo se sobressai de tal maneira, que mesmo interpretada como pronta, a obra parece ainda movimentar-se, como que esperando um novo corte ou deslocamento. Impressiona que a imagem do modelo original permanece legível mesmo com o somatório de ações promovido pelas mãos do artista, e essa leitura se potencializa ainda mais pela congruência entre os positivos e negativos resultantes do fazer, que guardam a memória acumulada durante a produção da escultura.

Vinicius Vieira

Escultor, arquiteto e urbanista.

 

Neste exército infinito de cabeças, destaca-se um batalhão de formas e traços fortes com altivez; este é o batalhão de um homem só.

Caé Braga

Artista plástico

 

Angulares e cubistas por definição geral, as cabeças de João Otto revelam a quase face humana do indestrutível bronze. Em seu conjunto, promovem um coerente discurso sobre unidade e proporção, sobre conceito e linguagem. Estava certo João Otto quando foi na arte buscar a sua fonte da juventude, passando apenas a retirar de dentro de si aquilo que ali apenas desde sempre dormia: um verdadeiro mestre da escultura.

Paulo Amaral

Diretor do MARGS

JOÃO OTTO KLEPZIG

Origem e Trajetória

 

  • 1926João nasce em Duisburg, na Alemanha, onde foi batizado como Hans Otto Klepzig.
  • 1936 – Vem com os pais Otto Karl Klepzig e Ruth Krahe para o Brasil, vindo a se chamar João Otto.
  • 1942 – Estuda no Colégio Farroupilha, onde concluiu o então chamado Ginásio.
  • 1943– Inicia sua carreira profissional na Casa Krahe, que pertenceu a seu avô materno, João Fernando Krahe, que foi casado com Mimi Brenner Krahe.
  • 1947 – Forma-se Bacharel em Ciências Contábeis.
  • 1959 – Casou-se com Miriam Matte Cazzulo, convivência que dura perto de 60 anos, enriquecida com o nascimento dos filhos Roberto, Fernando e Eduardo, e três netos, Nicolas, Ana Luisa e Fernanda.
  • 1966 – Preside a Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas do Brasil – ADVB/RS. Atualmente integra o Conselho Superior da entidade.
  • 1967 – Observando a importância do representante comercial, abriu seu próprio negócio, um escritório de representações.
  • 1994 – Após 27 anos, reduz o ritmo de trabalho, mesclando com seu novo interesse: a escultura, até encerrar por completo as atividades comerciais aos 77 anos, quando então se entregou totalmente à essa arte.
  • 1995 – Começa a frequentar o Atelier Livre Prefeitura Xico Stockinger, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, onde conheceu as bases da arte da escultura com as professoras Marli Amado de Araújo, Eleonora Fabre e Ana Pettini. Participou de outros cursos e desenvolveu as técnicas escultóricas em madeira, pedra e metal.
  • 1996 – Participa do Festival de Artes da Cidade de Porto Alegre.
  • 1997 – Participa da sua primeira exposição no Salão de Artes da Sociedade Germânia, aonde viria a expor em diversas edições anos seguintes.
  • 1998 – Exposição de trabalhos selecionados do Atelier Livre Xico Stockinger, da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
  • 2001 – Passa a integrar o Ateliê 17, sob a orientação da escultora Marli Amado de Araújo, realizou o curso de “Esculturas Efêmeras”, partindo então para a criação de fontes de água.
    • Nesse período, realizou também curso de escultura, com o argentino Julián Agosta e de intervenção urbana, ministrado pelo escultor espanhol Pep Admetla.
  • 2002 – A partir deste ano participa regularmente de cursos e oficinas no Museu do Trabalho de Porto Alegre, sob orientação do escultor Caé Braga, seu grande orientador e mestre na aprendizagem do trabalho com argila e bronze.
    • Exposição “Fontes com Arte”, na Kristin Gallery, em Porto Alegre.
  • 2003 – Exposição “Águas”, na Usina do Gasômetro, organizado pela Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa, da qual é artista associado e colaborador.
  • 2004 – Inicia estudos, ao longo de quatro anos, no curso “Inquietações”, no Atelier Livre, com Ana Flávia Baldisserotto, que lhe trouxeram uma nova e importante visão sobre o significado da arte.
  • 2005 – Exposição “Água Viva”, na Galeria de Arte Mallman & Mallman, em Porto Alegre.
  • 2007 – Inicia a fundir as cabeças em bronze.
    • Participa da I Bienal B, no Arquivo Público do Estado do RS.
    • Exposição “Múltiplas Cabeças”, na Câmara Municipal de Porto Alegre, Saguão do Salão Adel Carvalho.
  • 2008 – Exposição da Associação dos Escultores do Estado do Rio Grande do SulAEERGS, em homenagem ao artista Vasco Prado, no Memorial do Ministério Público.
  • 2010 – Exposição “Carreta das Musas”, em homenagem aos 10 anos da Oficina de Escultura, ministrada por Caé Braga, no Espaço de Exposição da Universidade Federal de Ciências da Saúde – UFCSPA, em Porto Alegre.
    • Exposição “Cabeça de Sapiens – Qual é a sua?”, na 72 NY Gallery, curadoria de André Venzon.
  • 2012 – Começou a colorir as cabeças com cores vibrantes, revelando um visual inédito na sua obra.
    • Exposição “Pequeno Bronze”, no Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do SulMACRS, organizado pela AEERGS.
    • Exposição “Cabeças: Enigmas e Segredos”, na Agência de Leilões e Espaço Cultural Porto Alegre, curadoria de André Venzon.
  • 2014 – Exposição “Cabeça: Relicário do Pensamento”, na Sala Negra da Galeria de Arte do Instituto de Arquitetos do BrasilIAB/RS, no Solar Conde de Porto Alegre, curadoria de Vinicius Vieira.
  • 2017 – Exposição e lançamento do livro “Cabeças – Relicário do Pensamento”, sala Oscar Boeira, Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli – MARGS, curadoria de André Venzon.

 

 

SERVIÇO

Título: Cabeças: Relicário do Pensamento

Artista: João Otto Klepzig

Curador: André Venzon

Abertura 26 de agosto (sábado), exposição às 11h e lançamento do livro às 12h

Visitação: 27 de agosto a 24 de setembro 2017

Local: Galeria Oscar Boeira (exposição) e Foyer do Museu (lançamento do livro – venda na Loja do MARGS no valor de R$ 150,00, no dia do lançamento o valor é de R$120,00)

Entrada Franca

 

 

 

Realização

Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer

Governo do Estado do Rio Grande do Sul

Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli

 

Patrocínio

Banrisul

BRDE

 

Apoio

Café do MARGS

Arteplantas

Celulose Riograndense

AAMARGS

 

Museu de Arte do Rio Grande do Sul

Localização: Praça da Alfândega, s./n.

Centro Histórico, Porto Alegre, RS

Telefone: 32272311

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